Há uns tempos atrás, no meu ritual zappiano deprimente, onde tudo é igual de canal em canal, deparei-me com uma reportagem televisiva, sobre um certo centro comercial que tinha lugares de estacionamento exclusivos para as mulheres. Perante a jornalista, os entrevistados lá iam falando bem, mal e assim-assim da ideia arquitectónica vanguardista feminina. Sim, porque estas grandes obras arquitecturais têm que ser enaltecidas, quer pela positiva quer pela negativa. Não é todos os dias que as mulheres podem dar-se ao luxo de estacionar à patroa em qualquer centro comercial e ainda por cima tão pertinho da porta, que é para não cansar os pés com aquelas botas ou sapatos de salto alto quando carregam com sacos!
Deliciada com a ideia e já a marcar o dia para experimentar essa maravilha, tocam à campainha os meus dois melhores amigos. Uma feminista assumida, que apregoa para quem a quiser ouvir que o mundo, dominado por homens, conspira contra as mulheres e o iniciante a metro-sexual que agora só quer saber de ser um homem moderno, elegante e outras coisas. Pensei logo para mim, se bem que tarde demais, que a reportagem ia dar motivo de conversa e quando tentei mudar de canal, a minha amiga feminista apanhou o assunto e começou logo a desbobinar com a sua língua viperina. “Estacionamentos só para mulheres? Mais largos que o normal? Mas que afronta! Não aprendemos a conduzir da mesma forma que os homens? Os carros que conduzimos não são iguais aos que eles conduzem? Não obrigado! Não precisamos dessas mordomias! ” Já a prever que a conversa não iria ficar por ali, o meu amigo metro-sexual, que agora decidiu ler Günter Grass, porque é moderno os homens dedicarem tempo a essas leituras, resolveu também dar ares da sua sabedoria no que respeita ao universo feminino. Enalteceu a ideia e falou que as mulheres nunca estão bem com nada, ou estão a reclamar regalias ou estão a criticar certas formas de cavalheirismo. “Sim porque a maioria de nós homens está no sangue sermos cavalheiros para as senhoras e foi um homem de certeza que teve a feliz ideia de vos agradar quando vão ao centro comercial.”
À beira de um perigo eminente decidi agir antes que fosse tarde demais. Dei razão a um e a outro em partes iguais. E lembrei que estacionamentos para as mulheres podem ser práticos mas não chegam. A taxa de desemprego nas mulheres portuguesas é superior à dos homens. Para as mulheres ficarem satisfeitas, os que se intitulam cavalheiros, devem começar por aqui. Melhores salários, tempo de qualidade para quem tem filhos, mais oportunidades para chegar a cargos de chefia…
Dito isto os meus amigos nada mais disseram e eu continuei a sonhar, sem a minha amiga saber, com a minha ida ao centro comercial.
Deliciada com a ideia e já a marcar o dia para experimentar essa maravilha, tocam à campainha os meus dois melhores amigos. Uma feminista assumida, que apregoa para quem a quiser ouvir que o mundo, dominado por homens, conspira contra as mulheres e o iniciante a metro-sexual que agora só quer saber de ser um homem moderno, elegante e outras coisas. Pensei logo para mim, se bem que tarde demais, que a reportagem ia dar motivo de conversa e quando tentei mudar de canal, a minha amiga feminista apanhou o assunto e começou logo a desbobinar com a sua língua viperina. “Estacionamentos só para mulheres? Mais largos que o normal? Mas que afronta! Não aprendemos a conduzir da mesma forma que os homens? Os carros que conduzimos não são iguais aos que eles conduzem? Não obrigado! Não precisamos dessas mordomias! ” Já a prever que a conversa não iria ficar por ali, o meu amigo metro-sexual, que agora decidiu ler Günter Grass, porque é moderno os homens dedicarem tempo a essas leituras, resolveu também dar ares da sua sabedoria no que respeita ao universo feminino. Enalteceu a ideia e falou que as mulheres nunca estão bem com nada, ou estão a reclamar regalias ou estão a criticar certas formas de cavalheirismo. “Sim porque a maioria de nós homens está no sangue sermos cavalheiros para as senhoras e foi um homem de certeza que teve a feliz ideia de vos agradar quando vão ao centro comercial.”
À beira de um perigo eminente decidi agir antes que fosse tarde demais. Dei razão a um e a outro em partes iguais. E lembrei que estacionamentos para as mulheres podem ser práticos mas não chegam. A taxa de desemprego nas mulheres portuguesas é superior à dos homens. Para as mulheres ficarem satisfeitas, os que se intitulam cavalheiros, devem começar por aqui. Melhores salários, tempo de qualidade para quem tem filhos, mais oportunidades para chegar a cargos de chefia…
Dito isto os meus amigos nada mais disseram e eu continuei a sonhar, sem a minha amiga saber, com a minha ida ao centro comercial.
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